ESC - 60 anos de história

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(Se é para começar, começa-se com a música que introduz qualquer evento eurovisivo!)

Um pouco de história

Itália, 1946. A Europa vivia o fim da Segunda Guerra Mundial e as pessoas tentavam recompôr-se depois de tudo o que tinham passado. Numa tentativa de animar as pessoas, um floricultor de Sanremo, pequena localidade de Itália, propôs um festival anual de canções. A ideia não foi aceita até 1951, quando foi finalmente concretizada, nascendo assim o Festival de Sanremo, um dos festivais mais importantes do mundo.

Inglaterra, 1950. Nasce a European Braodcasting Union (EBU), fundada por 23 organizações de radiodifusão da Europa e Norte de África. Hoje são 74 os membros activos desta organização, espalhados por 54 países da Europa, África do Norte e Médio Oriente, mais 44 membros associados em 25 países diferentes. A maioria dos membros são serviços públicos de rádio e televisão.

Suíça, 1956. Organizado pela EBU e inspirado no Festival de Sanremo, nasce o Eurovision Song Contest (ESC), um concurso de música que pretendia não só unir os países no pós-guerra como mostrar a diversidade cultural entre esses mesmos países. Foram sete os países que participaram na primeira edição do festival: França, Alemanha, Itália, Holanda, Luxemburgo, Bélgica e Suíça.


Os meus pais nasceram em 1962, quando o Eurovision já ia na sua 7ª edição. Este ano será a 60ª. É muito complicado falar sobre algo com tanta história, com tanta música e com tantas línguas. 52 países já participaram no concurso, sendo a mais recente aquisição a Austrália, que se irá estrear neste ano. Não se deixem enganar pelo nome do concurso, ele realmente não é exclusivo da Europa: a única condição para um país participar é que seja membro activo da EBU. No total, foram cantadas 56 línguas diferentes, sendo que até línguas inventadas já existiram. Mais de 1400 músicas já subiram ao palco eurovisivo e estima-se que em cada ano cerca de 180 milhões de pessoas vejam o espectáculo. 

Mas como é que isto funciona? Suponho que seja a pergunta que vos vai na mente. De um modo simples, é um concurso de música, em que cada país envia o seu representante, e no qual há uma votação final que sagra um país vencedor. O país vencedor recebe a honra de hospedar o evento no ano seguinte (por norma). Actualmente (porque as regras já mudaram muitas vezes), o concurso é dividido em duas semifinais e uma final. Dez concorrentes de cada semifinal passam à final, onde se juntam ao BIG5 (Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido e França - os maiores investidores do concurso) e o país que hospeda o festival. Na final, cada país concorrente nesse ano vota nas suas dez canções preferidas, numa votação conjunta de pública mais um júri. A votação é atribuída em pontos: de 1 a 8, 10 e 12, sendo que os 12 são atribuídos à música preferida. O país com mais pontos vence.

O primeiro ano que assisti ao festival foi em 2006. Foi traumatizante por causa disto: 


A sério, ainda hoje tenho medo do Mr. Lordi. E COMO PODIA EU LEVAR A SÉRIO UM CONCURSO EM QUE VENCE ESTA COISA? Não sei. Acho que deve ser porque o meu pai via. Aí é que reside a magia, sabem? O meu pai cresceu a ver o festival e eu cresci como ele. Todos os anos nos juntamos em frente à televisão para ver. Milhares de famílias pelo mundo inteiro fazem o mesmo. É simplesmente mágico.

Então comecei a ver. Agora vejo todos os anos, começo já em Janeiro a acompanhar finais nacionais e... ah, sim. Não expliquei, mas as músicas são escolhidas por um de dois métodos, normalmente: por final nacional, que é um concurso em que o público escolhe a música, ou por selecção interna, que é quando a organização faz a escolha.

Ora, e nestas 59 edições passadas, o que já foi visto? Muita coisa, realmente. Houve um ano com quatro vencedores, houve o hat-trick da Irlanda, que venceu três vezes seguidas, houve o hat-trick do Johnny Logan, que venceu nas três vezes que participou. Vimos nomes conhecidos mundialmente como os ABBA ou a Celine Dion a vencerem o festival, e a Lara Fabian a ficar em segundo. Os Cascada também lá deram a sua graça!

Vimos mulheres com barba

Vimos mulheres vestidas de homem

Vimos homens vestidos de mulher

Vimos homens vestidos de... qualquer coisa

Vimos... isto...

E isto...

Ok...
(isto era uma música sobre fazer manteiga e abanar o que a nossa mãe nos deu)

Mas calma, também vimos coisas excepcionais!
(Esta performance + eu = amor eterno)


Vimos o Jimmy Jump a invadir o palco e a arruinar ainda mais a participação da Espanha, vimos Dana Internacional a ser a primeira mulher trans a vencer a competição, vimos guerras de palavras em directo, vimos romances a nascerem. Vimos aberturas fantásticas, arenas de fazer cair o queixo, performances de apaixonar. Mas sobretudo vimos muito boa música (assim como também vimos muita música que valha-me Deus) e, mais que tudo, vimos muitas pessoas. Milhares de pessoas, de dezenas de países, que se juntam num recinto e levantam as suas bandeirinhas para apoiar o seu país. E não importa que país se apoie, naquele recinto são todos amigos.

No final das contas, vimos isto:

Uma Europa unida pelo poder da música, não importa as divergências políticas. Naquele palco somos um só e durante três noites esquecemos o resto e apenas celebramos a música. E no final, a música e a diversidade cultural são os grandes vencedores da noite.

We Write The Story
E pelo menos uma vez no ano tentamos escrever de uma boa maneira.

Este ano o Eurovision Song Contest realiza-se em Viena, na Áustria. As duas semifinais serão nos dias 19 e 21 de Maio, enquanto a grande final será no dia 23 de Maio. Quarenta serão os países que participarão este ano. O programa é transmitido mundialmente pelo stream do Eurovision mas pessoalmente aconselho os streams da RTP (canal português), BBC (canal inglês) ou da SVT (canal sueco).

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