Sobre infância e videogames

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Não sei vocês, mas eu tenho lembranças esparsas da minha infância. Uma delas, porém, é muito viva, nítida e marcante: Um dia, no alto dos meus 6 ou 7 anos, acordei mais cedo que o normal - antes até dos meus pais -, e fui direto da minha cama para a sala, de pijamas e meia. Na sala, liguei a TV e o nosso Mega Drive, sentei no chão e comecei a jogar Sonic 2 até minha mãe acordar e ir fazer café da manhã.

Agora, o que isso tem de tão extraordinário? Nada. E isso, meu amigo, é que torna essa memória incrível. Aquele era um dia como qualquer outro. Meus dias eram assim e eu era apaixonado por isso.

Sério, sinto muito mesmo...
Eu era uma criança que não curtia muito socializar. Seja com aqueles priminhos altamente estereotipados ou os vizinhos da rua. Não quer dizer que eu não brincasse com eles de vez em quando, mas que isso não era uma prioridade na minha importante to-do list. O que eu gostava mesmo era de passar as tardes sozinho montando LEGO, fazendo batalhas épicas com meus monstros de brinquedo e bonecos de super-heróis - e improvisando sem pudor algum, a sonoplastia necessária - e, principalmente, jogando videogames.

Nós tínhamos dois: um Turbo Game (uma das versões nacionais do Nintendinho) e um Mega Drive. Já as fitas em si não me lembro muito bem, mas creio que só tínhamos uma ou duas. No entanto, isso não era problema algum, pois na época era muito difícil ter os jogos, comum mesmo era alugá-los. Lembro das tardes de sexta-feira quando ia com meu irmão mais velho à pé em uma locadora perto de casa, na ansiedade e esperança de que o jogo que queríamos não estivesse alugado. Chegando lá, falávamos com a dona, uma mulher loira de uns 30 e poucos anos (analisando agora, acho que era bem gostosa ( ͡° ͜ʖ ͡°)), e ela procurava a fita que queríamos em uma gaveta. E aí voltávamos com aqueles itens imaculados pra casa...

É preciso ter colhões pra enfrentar demônios só de cueca
As memórias de momentos jogando videogame nessa primeira fase da infância são várias: Quando finalmente consegui terminar Sonic 2; Quando meu irmão não me deixava ganhar dele no Street Fighter (quem me conhece sabe que até hoje não sou bom em jogos competitivos); No dia que finalmente tínhamos chegado nas últimas fases de Battletoads, mas era Reveillón e a gente não queria pausar pra ir ver os fogos de artifício na sacada com meus pais; Dos jogos engraçados e esquisitos dos Simpsons; Do dia fatídico em que meu irmão ficou tão revoltado com a dificuldade de Ghouls 'n Ghosts que tacou a fita na parede (e tivemos que pagar a quantia imensurável de 50 reais para a locadora)... E ah, tudo isso sempre assoprando a fita pra funcionar direitinho.

Aí meu mundo acabou, quando o primogênito dos meus pais teve a brilhante ideia de trocar os dois videogames por um incrível Vídeo K7 de ~4 cabeças~.

A única explicação
Anos depois ele se redimiu, mas essa parte da história vai ficar pra outro post; Vou deixar vocês o odiando por enquanto. }8D

~ HOJE ~

Agora os tempos são outros: Cada dólar custa três reais, temos carros voadores, achamos que assistir um filme com óculos 3D é uma ótima ideia, os videogames são ultra poderosos e os jogos, realistas. UAU! Mas e como explicar o fato de que diversas vezes acho muito mais divertido jogar Battletoads no computador do que jogos como The Last of Us no Playstation 4? Nada contra vocês, Joel e Ellie, mas é difícil competir com a fase Turbo Tunnel.

E a música, cara...
Com esse sentimento nostálgico, e depois de ensaiar por anos, finalmente decidi começar a colecionar videogames e jogos antigos, em especial das eras 8-bit e 16-bit; Ou seja: Nintendinho, Master System, Mega Drive e Super Nintendo. O clique foi quando um colega de trabalho me mostrou fotos de seu Super Nintendo e dos jogos que tinha, e ficamos conversando por um longo tempo sobre como era diferente e, principalmente, divertido, jogar videogame naquele tempo. Pensei: por que não?

E isso fora do horario de trabalho ein?
Não poderia ter escolhido um momento pior pra isso: Os jogos antigos estão bem mais caros no mercado hoje do que a 5 anos atrás, e está sendo caro importar qualquer coisa. Mas sinceramente, eu não ligo muito; Não tenho grandes ambições com minha coleção e muito menos pressa. E tudo isso é bem insignificante, já que, mesmo agora, já está valendo a pena a sensação indescritível de passar horas pesquisando na Internet as diferenças entre modelos de Mega Drive; Ou sobre quais as versões de Sonic 2 em que as nuvens se mexem.

E bom, tenho certeza de que, a cada vez que tiver conseguido um novo videogame ou jogo, estarei viajando lá pr'aquela manhãzinha... lá atrás.

Sentarei ao lado daquele garotinho na sala e ficarei assistindo ele jogar.

E vai valer a pena, cara. Ô se vai.

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