Quando eu digo que estudo alemão, muita gente me pergunta: "Você pretende ir morar lá? Fazer um intercâmbio? Mas por que alemão?" É como se elas perguntassem "mas de onde diabos você tirou a ideia absurda de estudar essa porcaria de língua incompreensível?" Tudo bem se eu tivesse uma justificativa: um emprego, um curso, amigos na Alemanha, que seja. Mas não é nada disso. Eu resolvi me aventurar no estudo desse idioma quando me dei mais ou menos por satisfeita com meu inglês e decidi procurar uma segunda língua estrangeira para aprender.

'Keep calm, e estude alemão' ;)
Minha primeira tentativa foi escolher a que seria, teoricamente, mais útil - por viver no Brasil, elegi o espanhol. Tentei por seis meses. Desisti. Não é que não gostasse do idioma ou o achasse muito difícil. Mas o fato de ele ser parecido demais com o português me angustiava. Quando a professora me pedia para dizer "minha casa é muito grande" e eu falava "mi casa es demasiado grande", praticamente só repetindo o que tinha acabado de ouvir, eu me perguntava por que cargas d'água eu estava naquela aula. Professores, alunos e amantes do espanhol, não me levem a mal: eu sei que, como qualquer idioma, ele obviamente precisa ser estudado - e eu mesma admito que não sei bulhufas dele. Mas eu queria algo mais... Desafiador. Mais exótico. Que soasse mais diferente e empolgante aos meus ouvidos.

Algumas pessoas me recomendaram o francês. Mas - professores, alunos e amantes do francês, agora é a vez de vocês não me levarem a mal, por favor -, ao contrário de uns 85% (okay, eu inventei esse número) da população mundial, que acha a língua francesa linda de morrer, eu não gosto de como ela soa. Juro. Um dia eu ainda pretendo aprender francês (e italiano, e o que mais eu puder, porque - caso você ainda não tenha notado - eu amo aprender novos idiomas <3), mas tem algo nela que... Não sei. Não me deixa confortável. E foi nessas que eu cheguei no alemão - um idioma que, ao contrário de uns 85% da população (okay, eu inventei esse número também), eu acho maravilhoso. <3 Assim, bonito mesmo. Adoro a pronúncia. Adoro os fonemas que não existem em português. Adoro a construção das palavras - óbvia, matemática, muito mais lógica que a das línguas latinas. Adoro o fato de que, apesar de não parecer à primeira lida ou ouvida, o alemão tem semelhanças com o inglês aqui e acolá - o que facilitou muito meu aprendizado no início. E adoro, confesso, o desafio: tentar aprender uma língua que muita gente considera uma das mais difíceis.


Eu sei. Se você não fala alemão, já deve estar me chamando de louca - e dizendo que tudo o que eu falei até agora não faz o menor sentido. "Alemão parece que está sempre brigando", dizem. Aham. Você já ouviu dois italianos conversando? Olha, eu venho de família italiana, e posso dizer com propriedade que qualquer jantar em família parece uma sessão da Bolsa de Valores. Além disso, o contato que a maioria dos brasileiros têm com o alemão geralmente é através de bandas de rock pesado - bem pesado. Aí, amigo, até mandarim soa agressivo, né? Você já tentou ouvir algum outro gênero musical cantado em alemão? Pop, jazz, até um rock mais levinho? Então ouve lá. Juro que vale a pena. "Qualquer palavra em alemão soa como um xingamento." Acho que você não conhece muitas palavras em alemão. 'Frühling' ('primavera') soa como um xingamento para você? 'Stern' ('estrela')? 'Schiff' ('navio')? 'Knopf' ('botão')? 'Herz' ('coração')? Claro, gosto é gosto, mas eu juro que acho todas essas bonitinhas. <3 "As palavras em alemão são enormes! Você nunca vai aprender a escrever tudo aquilo." A maioria delas não é tão enorme assim: é só porque os alemães vão juntando palavras, e, diferente de nós, não colocam um espaço entre uma e outra - mas essa "soma" de palavras é regida de uma forma tão lógica que só facilita essa coisa de aprender como se escreve.


Não entendeu? Okay, eu vou tentar explicar melhor. Aí embaixo eu listei 7 curiosidades sobre o alemão - algumas delas me criam problemas, é verdade, mas outras me fazem amar ainda mais esse idioma:

1 - Todo substantivo, em alemão, é escrito com letra maiúscula. Todo. Ou seja, tanto nomes próprios, como no nosso bom português, quanto em qualquer nome: 'Kind' ('criança'), 'Katze' ('gato'), 'Tisch' ('mesa'), 'Land' ('país'), 'Auto' ('carro')... No começo parece meio esquisito, mas até que ajuda os iniciantes: você nunca vai confundir um substantivo com um verbo ou seja lá o que for.

2 - As palavras em alemão podem ter três gêneros: masculino, feminino e neutro. Assim, temos três artigos definidos, respectivamente o 'der', o 'die' e o 'das'. Mas a definição do que é o quê é bem nebulosa - não adianta tentar associar o 'das' com o 'it' do inglês, por exemplo. 'O homem' é 'der Mann', 'a mulher' é 'die Frau', 'o menino é der Jung' - mas 'a menina' é 'das Mädchen'. 'O cachorro' é 'der Hund', e não 'das Hund'. Pois é. O jeito é ir na decoreba, mesmo. (Mas, convenhamos, quem somos nós para falar? Quem foi que decidiu que 'a cadeira' é feminino e 'o garfo' é masculino, por exemplo? Qual é a lógica desse negócio?)


3 - Mesmo que o 'it' não seja uma delas, o alemão tem várias semelhanças com o inglês: tanto em palavras - 'mão' é 'Hand', por exemplo, 'lua' é 'Mond', 'encontrar' é 'finden' - quanto, e principalmente, em construções: em alemão também se pergunta, em vez de 'quantos anos você tem?', 'quão velho você é?', como no inglês ('wie alt bist du?' / 'how old are you?'). Para dar outro exemplo, os dias da semana seguem a mesma lógica do inglês: 'dia' é 'Tag', e os dias da semana são 'Sonntag' ('domingo', ou 'sunday'), 'Montag' ('segunda-feira', ou 'monday'), 'Dienstag' ('terça-feira', ou 'tuesday')... Para quem já está acostumado, facilita um pouco. ;)

4 - O que não facilita é justamente uma semelhança com as línguas latinas: ao contrários dos falantes do inglês, os alemães conjugam verbos - em tempo, modo, pessoa, número... Igualzinho a gente, com todas as complicações que isso traz. Quem diria que 'ging' é o pretério de 'gehen' (em português, 'ir', só para constar)? E que ele vira 'bin gegangen' no Indikativ Perfekt? Vixe. Dá-lhe estudar conjugação de verbos irregulares...

5 - Sabe ali em cima, quando eu falei que as tais "palavras enormes" do alemão são, na verdade, somas de palavras? É porque é isso mesmo: o alemão é como se fosse matemática. 'Fronha', por exemplo, essas de travesseiro ou almofada, é 'Kissenbezug' - porque 'Kissen' é 'travesseiro', e 'Bezug' pode ser algo como 'cobertura'. Vai dizer que não é genial? 'Sereia' é 'Meerjungfrau', porque 'Meer' é 'mar' e 'Jungfrau' é 'virgem' - mas também pode ser algo como 'mulher jovem'. 'Estrela-do-mar' é 'Seesterne', que é literalmente como se nós escrevêssemos 'estreladomar'; que, assim, tudo junto, também parece meio estranho à primeira vista. Os números, em alemão, também são escritos assim, tudo junto - por isso existem palavras assustadoras como 'vierhundertdreiundachtzig', que significa 483. Mas é só escrever 'quatrocentoseoitentaetrês' para ver que nossa grafia dos números não é assim tão mais fácil, não.


6 - Aliás, os alemães trocam, em relação ao português, a posição das dezenas e das unidades: dizem 'seis e vinte' ('sechsundzwanzig'), por exemplo, em vez de 'vinte e seis'. Mas vamos combinar que isso não é nada comparado ao jeito que os franceses escolhem para falar alguns números...

7 - O alemão tem alguns fonemas que não existem em português. As maneiras de pronunciar o 'r', o 'ch', até mesmo o 'g', que pode virar quase um 'ch' se estiver em final de palavra... O 'ü', por exemplo, que as pessoas têm mania de pronunciar como se fosse um 'i', fica, na verdade, no meio do caminho: a manha é fazer a boca que você faria para pronunciar um 'u', e pronunciar um 'i'. Assim como o 'ö': boca do 'o', pronúncia do 'e' - e sai uma coisa que não é nenhum dos dois. Parece bobagem, mas faz diferença: 'schon' quer dizer 'já', mas 'schön' quer dizer 'bonito', ou 'bom', dependendo do caso. O 's', quando vem antes de 'p' ou 't', vira quase um 'x': 'sprechen' ('falar') é pronunciado 'xpréchen'. Ah! O 'j' sempre tem som de 'i' (a não ser em palavras estrangeiras que foram adotadas pelos alemães, como 'journalist'); o 'g' sempre tem som do nosso 'gu', sem trema ('gestern', que significa 'ontem', por exemplo, é pronunciado 'guéstern'); o 'v' sempre tem som de 'f' ('Vater', 'pai', é pronunciado 'fáta'); o 'w' sempre tem som de 'v' (como em 'Wurst', 'linguiça', que se pronuncia 'vúrst'); e você quase sempre vai usar um 'k' quando, em português, usaria um 'c'. Pode ser que, no começo, você rale um pouco para aprender a pronúncia e a grafia corretas. Mas, depois que se pega o jeito, o difícil é esquecer.

Eu não vou dizer que esta é uma língua fácil - tanto que eu estudo alemão há oito anos, veja bem, e não saio por aí dizendo que falo alemão. Eu digo que estudo alemão. Para falar mesmo, acho que só se eu fosse passar uma boa temporada na Alemanha. Mas, como eu já disse antes, essa parte do desafio me empolga - e acho que qualquer desafio é empolgante, seja em relação a qual aprendizado for. Por que você não experimenta? ;)
Nesta nova fase da História do Sexo, vamos falar sobre a virgindade. Como ela é vista e tratada ao longo da nossa história. Um longo caminho cheio imposições, quase majoritariamente entre as mulheres, que se tornaram até moeda de troca. Comecemos.


Antes de entrar na explicação de como a sociedade vê a virgindade, é preciso defini-la.  E sim, ela pode ser mais complexa do que imaginamos. Para muitos ela é simples: ela resume a relação heterossexual de penetração peniana numa vagina. Como é esta visão que foi considerada válida para a maioria das sociedades, é a que usaremos. Porém, devemos deixar claro que existem muitas outras interpretações e questões que devem ser levantadas: sexo oral, sexo anal, masturbação mútua ou qualquer outra forma de sexo sem penetração devem ser consideradas válidas? Existe diferença da perda da virgindade entre um casal hétero que faz sexo anal e um casal gay?  Como uma lésbica perde a virgindade? Existe a perda da virgindade num estupro? Deixo essas questões ao leitor, assim como a valorização da virgindade em si e sua importância - eu apenas demostrarei como ela era vista pelos outros na história da humanidade.

Essa valorização da virgindade surge junto com o conceito de monogamia, que alguns historiadores acreditam que começou no neolítico (a idade da pedra polida). E assim surgiu a ideia de que a mulher não devia trazer para a união do casal lembranças de outras relações sexuais, assim garantindo o monopólio sexual da vida da mulher a um único homem.   

No entanto, a associação entre o rompimento do hímen e a virgindade não estava totalmente relacionada, como veremos mais para frente na história: para muitos povos era necessário romper o hímen antes de ela praticar sexo. Isso se deve ao “horror ao sangue”, algo presente em muitas sociedades: o sangue representa o perigo, o mal, a morte. (voltaremos a este assunto quando um dia falarmos da menstruação) Por isso, o sangramento que ocorre quando o hímen é rompido não deve estar presente na primeira relação de um casal - assim, vários povos criaram costumes e tradições de romper a membrana antes do coito da virgem.

Entre os aborígenes australianos, mulheres idosas perfuram o hímen das virgens. Na tribo Tukanos, no noroeste da Amazônia, o ancião mais importante penetrava o dedo na virgem até deflorá-la. Na Malásia, esse era o papel dos pais; enquanto em algumas regiões da Índia era da própria noiva, usando um falo de madeira. Isso repete-se em várias comunidades ao longo da história e do mundo.
A virgindade torna também fundamental para realização do casamento, e podemos já ver entre as primeiras civilizações como sumérios, babilônios e assírios que a cerimônia é um contrato entre duas partes (geralmente o noivo homem e o pai da jovem noiva). E, como um acordo, pode ser rompido se um dos termos não for cumprido - e um deles era a virgindade da noiva.

Interessante que entre os egípcios isso não era um problema. Não existia o tabu do sexo antes do casamento. Apenas em períodos mais recentes do Egito Antigo aparece um “presente de virgem”, quando o marido dava bens materiais à sua noiva caso ela fosse virgem em sua primeira relação sexual - o que mais parece ser um “bônus” do que uma obrigatoriedade na relação.

Porém, esse valor da virgindade na Mesopotâmia será o padrão que veremos nos próximos capítulos. Então voltem no próximo capítulo, quando veremos sobre as virgens gregas e romanas, aqui na História do Sexo.

Referência para leituras:

O site "InfoEscola" é usado por muitos adolescentes para seus trabalhos escolares. Leiam o que eles escrevem sobre o assunto e depois comparem ao que é descrito aqui. - Virgindade
Meu pai sempre foi apaixonado pelo mar. Sempre gostou de barcos, de mergulho, de pesca. Veio daí o meu nome, Marina. Veio daí também a vontade de morar no litoral, que o fez largar tudo na cidade natal e se mudar para um novo lugar com a minha mãe. Minha mãe não é tão fã de mar, mas adora praia - o que é quase a mesma coisa, visto que praia sem mar não é bem uma praia. Eu cresci com os pés na areia - mesmo que minha pele branquela não denuncie. Meus pais estavam sempre na areia, a trabalho ou a lazer, e eu logo aprendi a não ter medo da água: até hoje, nadar é uma das coisas que eu faço com mais naturalidade. Eu danço há anos, mas sempre quis aprender a dançar com a mesma naturalidade com que sei nadar. Eu não penso, não uso os dedos para apertar o nariz e trancá-lo, às vezes nem fecho os olhos - só vou.

"Andei por andar, andei, e todo caminho deu no mar", diz a música cantada por Dorival Caymmi desde 1959 - e que eu tatuei no braço há dois anos. "Quem vem pra beira do mar nunca mais quer voltar." E é verdade. O que será que o mar tem, que faz todo mundo sonhar com uma vida ao lado dele? Famílias investem em casas de praia. Gente com mais grana mora na praia o ano todo. Gente que não pode morar na praia economiza para passar as férias por lá - e botar os pés no mar pelo menos uma vez por ano. Quando eu digo onde moro, "ê, vidão" é uma resposta frequente - como se, só por morar aqui, eu automaticamente tivesse uma vida mais feliz e relaxada que a da maioria.

Não é beem assim - no último verão eu devo ter ido à praia umas três vezes, apesar de morar ao lado dela, porque, bem, eu estava trabalhando, né? Geralmente os turistas acabam aproveitando mais a minha cidade do que os próprios moradores. Mas, ainda assim, é bom saber que o mar está ali, pertinho. É lindo poder vê-lo daqui do alto do morro onde fica a empresa onde eu trabalho. É uma delícia passar por ele a caminho de casa e sentir a brisa do mar, o cheiro da água salgada, da maresia. É como se eu soubesse que, okay, eu não estou de folga todo dia para aproveitar o mar em sua plenitude, mas, caso queira mesmo, eu posso - nem que tenha que dar a louca, ligar para o trabalho, dizer que estou doente, tirar os sapatos e correr para a água. Ele está ali para mim, caso eu precise - e muitas vezes eu preciso. Eu sei que parece idiotice, cena feita para imitar filmes tristes, mas a minha melhor cura para a melancolia é caminhar até a beira da praia, sentar na areia e ficar olhando o vai e vem das ondas, sem pensar em muita coisa. Talvez seja aquela coisa meio clichê de "vendo a imensidão do mar, eu percebo como meus problemas são pequenos". Talvez seja algo mais místico, algo a ver com equilíbrio de energias - será que é porque Escorpião é um signo de água? Ou talvez seja algo equivalente a uma meditação, para acalmar os pensamentos. Seja como for, funciona. Cura.




Parece que eu e a Marina temos algo em comum com o mar: nossos pais. Meu pai também sempre foi apaixonado pelo mar. Aliás, ele desde os 16 anos tem contato feroz com este universo. Entrou para a marinha nesta idade e visitou mais lugares que você poderia imaginar, naqueles barcos gigantes de guerra. Passou a consertar motores de iates - inclusite de Brigitte Bardot - e por fim se tornou capitão. Dizem as línguas que um dos melhores. Minha mãe também trabalhava com ele. Então não sei exatamente se é por influencia deles, se está no sangue ou se é algo de outras vidas. Ou talvez porque nasci em lugar com mar e passei toda a vida em outros também. Vai entender. Não me leve a mal - lagos são lindos, rios também. Mas o mar tem toda aquela magia. Digamos que eu acredito em sereias e etc. Não consigo acreditar que somos os únicos seres existentes. O mar e o universo são tão grandes, por exemplo.

Aliás (momento guilty pleasure), eu adoro o filme A Lagoa Azul. Até mesmo a versão moderninha, A Lagoa Azul, o Despertar. Não importa se é bem feito ou mal feito, se é antigo ou não. O que importa é que eu sou apaixonada por todo esse universo mágico de ilha, mar, casinha bonitinha feita de madeira, bambu ou sei lá o que. Me dá vontade de me perder em uma ilha, conseguir construir aquela casa maravilhosa, ficar pelada o dia todo, nadar assim e sei lá. Um dia eu gostaria realmente de ter uma casa em uma ilha ou uma praia deserta. Juro.

Bem, a vida me atrai para lugares com mar. Adoro montanha, vivo atualmente na montanha (mesmo que esteja escrevendo este post no Rio de Janeiro), mas o mar me carrega de uma energia sem comparação. A areia, o cheiro, o barulho das ondas. Eu sei que em lagos também há onda. O lago Nahuel Huapi é gigante e parece mar, tem onda como o mar. Mas não tem o cheirinho, não tem o sal a mais para temperar a vida, nem a areia gostosa. Não tem a parte molhada da areia brilhando com o sol se pondo, formando aquelas cores absurdas de bonitas.

O mar é meu refúgio. Eu gosto de ir com amigos, família ou o que seja, mas tem vezes em que eu preciso de um encontro sozinha com ele. Vou assistir o por do sol sozinha, nadar sozinha, sentar e ler sozinha - e até mesmo de luto eu vou para o mar. Quando minha avó morreu a primeira coisa que eu fiz (até mesmo antes de chorar) foi pegar um ônibus e ir para Ipanema. Era um horário vazio em dia de semana e eu sabia que precisava disso. Neguei a companhia da minha mãe - eu não precisava dela, e sim do mar, da areia e do silêncio que o som da natureza proporciona. Lá sim eu chorei e tive paz. E ele me abraçou e cuidou como nenhum humano conseguiria. 

O mar cuida de você. O mar te inspira e te desafia. Ser um capitão de navio não é apenas mandar. É enfrentar os perigos. É ter vidas em suas mãos. Meu pai descreve a sensação de enfrentar uma tempestade como pura conexão humana e mar. Não há motores que te ajudem. E diz ele que a concentração e o foco são tão grandes que em um dado momento nada mais se escuta. Você fica surdo pra tudo, apenas em contato com a vibração da água, do movimento das ondas com o barco e assim sabendo para onde virar ou não virar e consequentemente se vai viver ou morrer. O mesmo deve servir para surfistas; essa conexão profunda, esse momento de transformação em uma coisa só.

Pra mim que o mar é mais que só água. Ele vive. Ele sente. E ele te respeita se você também o fizer.


Este post foi feito por Marina e Alexandra, duas sea crazy ladies.


Hoje o Quem é Quem está no clima do inverno, então falaremos de Caitlin Snow e Capitão Frio; Mas, para dar uma aquecida nos nossos corações, também o cabeça flamejante Nuclear e a explosiva Plastique.

ATENÇÃO: Essa publicação contém spoilers gigantes caso você não esteja em dia com a série ou se importe em saber de suposições sobre um possível futuro dos personagens!


Caitlin Snow 
Killer Frost / Nevasca 

Provavelmente, em um futuro veremos a cientista transformar na vilã Nevasca. Porém, nas histórias quadrinhos algumas mulheres receberam o nome da vilã, então antes de chegarmos até em Caitlin falaremos das outras que apareceram nos gibis:


Crystal Frost – Apaixonada pelo Dr. Martin Stein (sim, a primeira versão não era apaixonada pelo Ronnie, e sim pelo velho professor), nunca teve o amor retribuído. Deprimida, se trancou numa câmara fria parar morrer, mas ao contrário, sobreviveu e ganhou os poderes de congelar as coisas. Com uma raiva dos homens em geral sempre teve uma raiva pelo sexo masculino, os matando. Ela morreu após absorver calor demais do herói Nuclear.


Dra. Louise Lincoln – A mais famosa e douradora das Nevasca. Ela era amiga de Frost, e repetiu a experiência na câmara fria para conseguir os poderes após a morte da amiga, pretendendo vingá-la matando Nuclear. Ela no entanto enfrentou vários outros heróis, de Superman à Lanterna Verde. Teve um relacionamento com Senhor Frio (vilão do Batman) e foi membro do Esquadrão Suicida.


Loren Fontier – Ela é a versão após o reboot da DC. Ela era uma terrorista que tentava roubar o programa Nuclear. Durante o ataque os dois alunos de Martin Stein, Ronnie Raymond e Jason Rusch, a impedem, mas no processo são fundidos para transformar no herói Nuclear, e Loren é atingida por uma explosão na qual ela mesmo também ganharia poderes congelantes.


Assim chegamos em Doutora Caitlin Snow. Na série, ela é apresentada como bioengenheira dos Laboratórios STAR. Na qual, sobrevive a explosão do acelerador de partículas, mas perde o noivo, o engenheiro Ronnie Raymond, também funcionário dos laboratórios.  Ela ainda não tem os poderes de Nevasca, mas no último episódio da primeira temporada, Flash ao correr pelo tempo vê imagens de outras realidades temporais, e numa delas, está Caitlin com aparência da supervilã.


Nos quadrinhos, esqueceram de Fontier, e apresentam uma nova Nevasca, com o nome da Caitlin Snow. Ela é um cientista num dos laboratórios STAR no Ártico, que é invadido pelo grupo terrorista C.O.L.M.E.I.A (aliás já confirmado com os vilões da próxima temporada de Arrow), e ela é presa numa das máquinas do laboratório onde ganha os poderes. Ela ganha os poderes e enfrenta os vilões, mas isso perturbou sua mente, e agora ela é uma “vampira” de calor necessitando absorver toda a temperatura das pessoas para viver. Mas, existe um herói que parece ter calor suficiente para saciá-la: Nuclear.



Nuclear
Firestorm



Nas HQs antigas no Brasil ele tinha o nome de Labareda, enquanto no desenho animado “Super-Amigos” foi traduzido como Tempestade, porém hoje todos conhecemos Firestorm como Nuclear.

A história dele é bem parecida com o da série: o Dr. Martin Stein e o aluno Ronnie Raymond após um acidente nuclear tem os corpos unidos formando o super-herói. Enquanto Ronnie fica com o controle do corpo, a mente de Stein fica como uma consciência sempre ajudando com planos e conhecimento científico.  


Além de todos os poderes com fogo e aparência flamejante, os principais poderes de Nuclear, e voar, o principal poder dele ainda não foi apresentado na série, que é reorganizar a estrutura atômica dos objetos, podendo mudar a matéria à sua vontade como água liquida em sólida ou até mesmo chumbo em ouro, assim como ar respirável em gás clorofórmio. Não sabemos se veremos os poderes dele evoluir para isso, mas isso era o campo de estudo de Dr. Stein antes da transformação, então é uma boa chance, ainda mais com a participação dele em “Legends of Tomorrow”.



Houve grandes mudanças no Firestorm após o reboot da DC, a união dos corpos agora não eram mais entre Ronnie e Stein, e sim entre um Ronnie, jogador de futebol americano e Jason Rusch, um pupilo de Stein. O doutor tinha criado o programa Firestorm, e após roubo do seus planos existem vários “Nucleares” pelo mundo: a francesa Firehawk, o inglês Hurricane, russo Pozhar, indiana Rakshasi entre outros.



Capitão Frio 
Captain Cold 




Para alguns, o maior vilão do Flash. Seu nome verdadeiro é Leonard Snart, ele é líder da Galeria dos Vilões e foi inimigo dos dois Flash: Barry Allen e Wally West. Teve um pai abusivo que maltratava ele e sua irmã Lisa. Quando cresceu tornou-se um ladrão com uma certa dualidade, comete crimes mas várias vezes ajuda o lado do bem, algo que veremos provavelmente na nova série “Legend of Tomorrow”, a qual ele fará parte. Portanto, a única diferença real entre as duas mídias é quem inventou a arma congelante.


Nas HQs, foi ele mesmo, mas não com essa intenção, a ideia original era criar algo que interferisse na velocidade do Flash, mas quando a usou pela primeira vez, descobriu que a arma tirava a umidade do ar, fazendo qualquer coisa congelar ao zero absoluto.  Na série, o inventor foi Cisco, e arma foi roubada e caindo nas mãos de Snart.


Duas vezes nas HQs em momentos diferentes, os poderes de congelar foram transferidos da arma para o próprio Snart. Acho que de repente seria algo legal de se ver na série.


Por fim, atualmente nas HQs brasileiras, o Capitão Frio após ajudar Lex Luthor salvar a humanidade na saga da “Vilania Eterna”, entrou para Liga da Justiça. Quanto tempo ele ficará entre os maiores do mundo, só lendo.



Plastique



Essa vilã apareceu primeiro nas HQs do Nuclear, depois indo ser vilã do Capitão Átomo. Bette Sans Souci  é uma terrorista canadense, primeiro tentando explodir o jornal New York Herald-Express, depois edifício do parlamento canadense, a estátua da Liberdade e até o Primeiro Ministro do Canadá e o Presidente americano, e tendo todas as vezes suas ações frustradas pelos heróis, nunca conseguindo sua principal intenção que é separar Quebec do resto do Canadá.


Na série ela deixa de ser uma terrorista e vira uma ex-militar do esquadrão antibomba do exército que, ao ser tratada em Central City após um ataque no Afeganistão, é pega pela radiação da explosão do Laboratório STAR.  Ela ganha poderes de explodir qualquer coisa com o toque, e por isso ela torna bastante interessante ao General Wade Eiling que quer sua própria tropa de metahumanos. 


Nas HQs, ela foi membro durante algum tempo do Esquadrão Suicida, o que torna sempre uma possibilidade. Atualmente nas bancas brasileiras, ela tem um papel fundamental na saga “Fim do Futuro”.


Voltaremos com Arrow no próximo capitulo, falando dos vigilantes Caçadora e Pantera, além dos vilões Ted Gaynor e Conde Vertigo!
Última Parte

As coisas não melhoraram por muito tempo para Alba. Encontrava uma amiga ou outra, ou uma colega mais próxima. Mas o resto parecia odiá-la, inclusive uma professora, Cláudia.

E para piorar ela não sabia muito bem como lidar. Quanto mais a perturbavam mais ela pedia para parar, chorava, mostrava suas emoções - e aquilo era uma arma deles contra ela. Uma arma poderosa. Tão poderosa que a fez acreditar que precisava mudar as coisas em si. Ela não gostava de como a tratavam, mas começou a não gostar de si. Fazer a sobrancelha não adiantou muito, continuavam a falar, mesmo não existindo mais aquilo.

Seu corpo era tão bonito e normal. O tamanho de suas roupas era pequeno, como muitas roupas de crianças são. Mas ela via tudo maior. Então resolveu dar um fim nisto. E foi direto na fonte. Comia em seu quarto, então quando levava o prato sentava, fazia barulhos de garfo sendo usado, esperava um tempinho e então jogava tudo dentro de uma sacola plástica. E levava o prato vazio para a cozinha. Ela obviamente sentia fome. Mas ignorava e nem lembrava, de tão empenhada que estava, e de tão deprimida também. Apagou de sua memória qualquer efeito colateral - só uma coisa importava. E funcionou. Ela emagreceu tanto que podia ver ossinhos que não percebia antes. E adorava isso. O problema era que nada disto mudou sua situação na escola naquele ano.

E aquilo a influenciaria pelo resto da vida. Se ela chegasse no resto da vida. Os pais ou membros da escola não percebiam o que acontecia: ela fazia bem o papel de se calar.

Passou outro ano, e por mais que tivessem diminuido um pouco as implicâncias, aquilo ficou para sempre nela. Sua auto confiança continuava abalada e ela continuava com suas manias para não ser notada. E continuava magra. Não se via magra. Nem bonita. Mas queria ser, como outras meninas ou como personagens de filmes. Queria ser todos menos ela. Suas notas eram tão horríveis (sendo ela tão inteligente) que quase repetiu de ano, várias vezes.

De pouco a pouco foi aprendendo a lidar. Entendia que quando ignorava eles não tinham poder, pois o que faziam não tinha efeito. Mas dentro de si ela sabia que era rejeitada. E aquilo a machucava, a fazia se afastar de muita gente, inclusive os pais. Mas tudo não passava de uma crise de adolescência para os outros.

Aquele foi o último ano em que alguém mexeu com ela, tudo foi se diluindo em água, sozinho e devagarinho. Mas as coisas não são tão simples. Alba tinha apenas seu instinto para lhe proteger. Ninguém a guiou. Sua forma de lidar era ignorar até ser esquecida. Até ser mais forte. Teve de lidar com estas pessoas em outro colégio também, quando se formou naquele. E tentaram a atingir novamente, mas ela era outra Alba. Mais forte e experiente. Porém mais frágil em seu interior. Cheia de inseguranças. Imperceptíveis a muitos olhos, mas muito forte dentro dela. Passou a odiar seu corpo, seu tamanho, tudo. Não via que era tão linda. E tão inteligente. Ficou tão tímida, calada e invisível que as vezes sentia literalmente as pernas tremerem quando pessoas desconhecidas falavam com ela. Teria um problema de confiança para o resto da vida. Era impossível confiar em alguém. E talvez nem fosse, mas ninguém nunca iluminou seu caminho, ninguém tinha essa preparação.

Alba podia ter crescido nisto inocente de todos esses "pequenos" traumas, que incluiam até mesmo violência física. De toda forma ela tem duas possibilidades de desfecho:

1 - Cresceu, encarou todos esses problemas, engoliu todos os que lhe foram causados, sem eliminá-los por não saber como, mas se calou. Ninguém nunca soube. Ou soube, mas não levou a sério. Não imaginou que por mais que crescesse "normal", forte e feliz, por ter uma boa vida (e continuar sendo inteligente, chegando a ganhar prêmios escolares no futuro, medalhas em esporte e troféus em artes) dentro de si um universo confuso foi aberto, como um portal. Ela passaria por momentos de depressão mesmo esboçando um sorriso. As vezes nem teria um motivo, mas vai ver eram cicatrizes perdendo os pontos. Demoraria anos para perceber que nunca foi o que achava. Olharia seu uniforme velho que sua mãe guardou e veria que era minúsculo. Que nunca foi gorda. Olharia fotos e via que suas sobrancelhas não eram feias. Tinha olhos lindos, lábios e todo o rosto e corpo. A vida seguiu, mesmo deixando várias cicatrizes. Existiria a opção de que absolutamente nada fez diferença em sua vida, mas então as "implicâncias" não teriam sido sérias. Se não tivessem deixado marcas não teriam sido fortes o suficiente para isto. Seria apenas bobagem. Mas quem sabe um dia ela faça uma diferença ao mundo e até mesmo lute contra isto. Ela provavelmente tem vontade, mas ainda não tem coragem. Coragem de se expor para ajudar outras Albas. Está ainda decifrando como seria a Alba sem tudo isso em seu interior para ser forte de verdade e lutar por outros.

2 - Alba não aguentou todas as zombadas, ameaças e jogadas contra paredes, toda a tortura mental. Quando notou que ninguém a sua volta estava ciente do que passava, ou não levava a sério não tinha mais vontade de passar por aquilo. Nem mesmo a comida tão gostosa de sua mãe a dava prazer. Nem seus sonhos. Como não tinha orientação não conseguiu ver sozinha que um futuro livre daquilo a esperava. Pensou que sua vida seria um inferno para o resto da vida. Então parou aquela vida. E sem querer a vida de todos que a amavam a sua volta, mas ela não conseguia ver. Tinha um futuro brilhante. Arruinado por gestos e palavras.

FIM

O que a Alba desta história fez não saberemos, mas as duas opções existem o tempo todo, por todo lado. Muitas e muitos Albas morrem todo o tempo. E quando dizemos "bullying é só uma modinha, não existe" estamos matando mais. Não importa o nome que isto leva, o rótulo que escolhem - é preciso olhar o problema, a fonte. Você pode estar matando um pedacinho de alguém do seu lado dizendo isso. Não sabe o que alguém ao seu lado pode ter passado na vida. 

Seu filho ou sua filha podem ser um gatilho para Alba. Oriente. Ele também pode estar perdido, e vai fazer outro que não tem culpa ser prejudicado. Não permita. 

Leve a sério toda forma de dor.


Não duvide em nenhum momento, a masturbação nunca deixou de ser realmente um tabu na nossa sociedade. Mas, sua aceitação começou a melhorar naquilo que batizamos de “Revolução Sexual” nos anos 60. Quando uma classe média americana e europeia cresceu, educou-se, e estava pronta para aceitar novas liberdades.


Um dos sexólogos mais famosos da época, Alfred Kinsey (falarei bastante dele num post futuro) afirmou que a masturbação entre homens e mulheres era normal. Provou isto através de uma pesquisa de números altos, em que ambos sexos afirmavam se mastubar. O Cirurgião General dos Estados Unidos (um cargo americano que serve como porta voz aos assuntos de saúde nos EUA), a doutora Joycelyn Elders foi controvérsia ao afirmar que achava que a masturbação devia ser ensinada na escola como algo saúdavel e seguro. O filósofo Michel Foucault afirmou que a imagem de terror que os pais passavam sobre masturbação aos filhos era uma forma de controle de poder e prazer.  Tal controle que deveria ser erradicado da sociedade.

A masturbação nunca deixou de ser algo particular, feita escondido dentro do quarto ou banheiro. Mas sua principal mudança demonstra como os próprios gêneros começaram ver o sexo. Caso tenha lido os posts anteriores viu que a masturbação era mais problemática entre os homens, o perigo do gasto do sêmen procriador, enquanto entre as mulheres era apenas uma demonstração de luxúria. Mas quando o tabu da necessidade da procriação caiu, provando cientificamente que o jovem homem sempre produzirá esperma, então o principal problema deixou de existir. Mitos como surgimento de espinhas ou pelo na mão ainda existem, assim como pais ainda brigam se pegarem um filho no flagra, mas de pouco a pouco nas últimas décadas isso foi mudando.


Porém, entre as mulheres essas mudanças são bem mais lentas, como tudo que envolve a sensualidade feminina. já que a sociedade patriarcal reprime suas vontades e desejos. Enquanto é comum adolescentes homens falarem que se masturbam sem grandes julgamentos, a imposição de pureza e virtude que ainda é imposto às mulheres faz com que ainda seja considerado errado dizer satisfazer à si mesma. E isso reflete tanto em suas vidas que muitas mulheres não se masturbam, simplesmente por elas mesmas considerarem errado.


Lento mas também em evolução. A explosão de produtos eróticos tornou-se um mercado altamente lucrativo.  Vibradores e dildos de todos os tamanhos e formatos são vendidos, e novidades são criadas constantemente. Entre os homens, existem as  lanternas eróticas, que são vaginas artificiais com vibração interna, além de bonecas eróticas. Assim como tem todo um mercado da estimulação visual como filmes pornôs e revistas eróticas.

O cinema hollywoodiano trata o tema nas mais diversas formas, do cômico apresentando em “American Pie” e “O Ditador” ao natural em “Cisne Negro” e “Ela”.  Alguns apresentam mensagens interessantes como em  “Beleza Americana” na qual a masturbação era mostrada como uma forma de alívio ao um homem casado e frustrado sexualmente.  Poderíamos criar toda uma análise de como a masturbação é apresentada na mídia, mas deixo o leitor analisar isso.

De qualquer forma, é quase certeza que o tema não parou no tempo.  A ciência médica não condena mais, e até incentiva mostrando fatos que indicam que é benéfico fisica e psicologicamente. As religiões, no entanto, siguem condenando. E ainda veremos muito de como o tema irá mudar ao passar dos anos. 


Referência para leituras:
Deixarei dois infográficos com informações sobre a masturbação na atualidade


Eu juro que é noite, juro que está super frio, e juro que eu estou tomando uma infusão quentinha de maçã com canela enquanto escrevo esse post <3 - eu sei, mais clichê que isso, só se eu estivesse tomando chá de camomila, já que logo depois eu vou dormir e tudo mais. Mas é tudo verdade. Maçã com canela, aliás, é uma das poucas infusões de que eu realmente gosto - sou adepta dos chás mesmo, os brancos, os pretos, os verdes; e sempre chá de verdade, por favor. Todos eles - chás ou infusões - ficam ainda mais gostosos, na minha opinião, quando são feitos em combinações diferentes, com outras ervas, frutos, especiarias, até flores. São os chamados blends: chás com um toque de sabor a mais, que faz toda a diferença na hora de escolher o seu favorito. Hoje, eu resolvi falar dos que eu mais gosto. Se você não é adepto do chá, quem sabe não encontra nessa lista aquele que vai te fazer mudar de ideia? ;)


Chá verde com hortelã e/ou limão: De modo geral, o chá verde é mais fácil de combinar com outros sabores do que o chá preto, por exemplo, justamente por ser mais suave. Eu não gosto de infusão de hortelã pura, mas acho que os dois casam perfeitamente: o frescor da hortelã suaviza o sabor mais herbal do chá verde, e vice-versa. A combinação com o aroma cítrico do limão (ou até mesmo da laranja) também fica muito gostosa - e ainda é possível misturar os três, para um gostinho único. <3 O melhor é que dá para fazer esse blend em casa, sem precisar necessariamente correr atrás do chá pronto. A dica da hortelã e do limão, aliás, também vale para o chá branco, que também é suave - mas, pessoalmente, eu prefiro chá branco puro.

English Breakfast: Lembram que eu já falei dele na assinatura de um post anterior? O English Breakfast é um dos meus favoritos absolutos: bem tradicional, é uma combinação de diferentes chás pretos; tem sabor, aroma e cor fortes; e é encorpado como café. Acorda e renova as energias: bom para tomar logo depois do almoço, ou no meio da tarde.

Earl Grey/Lady Grey: Esses são marca registrada da Twinings, uma das produtoras mais conhecidas e tradicionais de chá - e não tem problema eu fazer propaganda, porque eu já ia fazer mais adiante no texto de qualquer forma. Reza a lenda que o Earl Grey foi criado pelo Mr Twinings para o primeiro ministro britânico, que se chamava, bom, Earl Grey. O blend é uma recriação de outro blend que, dizem, Grey ganhou de presente de um chinês - e é feito com chá preto e bergamota, uma combinação bem única e marcante. Já o Lady Grey é o Earl Grey acrescido de laranja e limão - um pouco mais cítrico, e bem gostoso.

Chá preto com frutas vermelhas ou frutas silvestres: Várias marcas têm esse blend, combinando o amargo do chá preto com o docinho das frutas - que, dependendo da receita, podem ser morango, amora, framboesa, cereja e até maçã. É outro dos meus "mais favoritos" - e o cheiro é absolutamente delicioso. As infusões de frutas vermelhas e frutas silvestres também são ótimas, aliás: até a cor é linda. <3


Prince Of Wales e Russian Caravan: Outros da Twinings - o primeiro, criado para o Príncipe de Gales, em 1921. É uma combinação de chás pretos da China com castanha - ainda tem cara e gosto de chá preto, mas é um pouco mais delicado. Dá para tomar até de manhã cedo. Já o Russian Caravan também é feito com chás pretos chineses, mas leva um toque de nozes. O nome exótico vem da história de como esse chá teria surgido: teoricamente, entre as caravanas que transportavam chá para a Rússia. Vai saber.

Indian Chai, ou só Chai: Esse chá varia conforme a receita, mas é inspirado em uma bebida indiana tradicional, e é uma mistura de chás pretos com especiarias, como gengibre, canela, cravo, cardamomo e até pimenta-do-reino. Eu sou absolutamente apaixonada por esse - especialmente na sua versão com leite, o Chai Latte (que tem até na Starbucks, e, juro, é bem gostoso). Com ou sem leite, o chai pode ser tomado quente ou frio. Eu prefiro quentinho - porque combina com o sabor das especiarias, e porque me passa uma sensação boa de conforto. <3 É bom para ser tomado em dias frios.


Maçã com canela: O "chá" que inspirou esse texto. ;) Infusão só de maçã já é boa, infusão só de canela também é boa: as duas juntas, então, são uma maravilha. É docinho e encorpado, bom para ser tomado no frio, e até mesmo acompanhando um lanchinho, como bolos ou cookies. E é o que dizem: an apple a day keeps the doctor away. ;)

Limão com gengibre e/ou mel: Esses ingredientes, que vão bem com o chá verde, também funcionam muito bem sozinhos. O resultado é ao mesmo tempo cítrico e picante; fresquinho, mas sem ser amargo, por causa do poder adoçante do mel; e bem estimulante. Eu confesso que nunca encontrei uma infusão de limão industrializada que eu ache realmente boa - mas essa bebida é fácil de fazer em casa; e é bem aquele tipo de receita que as avós recomendam quando os netos estão com tosse ou dor de garganta, sabe? Vó sabe das coisas. Ah: limão e gengibre também combinam bem com erva-cidreira. ;)

Camomila, mel e baunilha: Pessoalmente, eu não gosto de camomila - mas acho que, com o docinho do mel e da baunilha, ela fica muito gostosa. Essa infusão é aconchegante e agradável, boa para tomar logo antes de dormir. É fácil de encontrar prontinha no mercado. Também gosto de camomila - ou de erva-doce - combinada com especiarias, como canela. Dá um gostinho a mais, que quebra a suavidade dessas ervas.

Laranja, cravo e canela: Já que eu fiz propaganda da Twinings, vou fazer da Leão Fuze também: eles mandaram bem ao pegar três ingredientes bem conhecidos para infusão e misturar em uma combinação inédita. É gostoso, refrescante, e dá para tomar a qualquer momento do dia - além de trazer as vitaminas da laranja e o poder termogênico das especiarias, que aquecem o metabolismo e até queimam umas calorias.

Rosa Silvestre, Hibisco e Amora: Outra novidade da Leão Fuze - mais diferente, impossível! Tem gente que tem preconceito com comidas e bebidas que levam flores na receita, mas vale a pena dar uma chance. E dizem que é afrodisíaco. Humm. ;x


E onde encontrar tudo isso? Bom, na maioria dos supermercados, você encontra os "chás em saquinho" - que não são tão bem vistos pelos experts, mas podem, sim, ser muito gostosos. É só garimpar e procurar a marca certa - e os sabores que são a especialidade de cada uma. Como eu citei aqui no texto, os chás e infusões da Twinings e da Leão Fuze são uma delícia. Outra marca bem gostosa e bem acessível é a Doutor Oetker. Agora, se você quer uma coisa mais diferente, e até mais especializada, pode dar uma olhada nas lojas virtuais da The Gourmet Tea - que é, como diz o nome, mais "gourmet", com blends bem diferentes - e da Chá Yê! - que é mais tradicional, boa para quem prefere os clássicos chás chineses. A minha queridinha mesmo é a Moncloa <3 - mas, até onde eu sei, eles só têm lojas em Florianópolis, Balneário Camboriú e Curitiba, pelo menos por enquanto. Eu gosto tantos dos blends deles que poderia ter feito um texto inteiro só falando sobre os meus favoritos: o Bourbon Vanilla (pu-ehr com baunilha), o Strawberry Champagne (uma mistura de chá verde e branco, com rosa mosqueta, morango, malva e pimenta-rosa), o Berlin (uma infusão de frutas: nada menos que maçã, mamão, abacaxi, mirtilo, com toques de kiwi, cranberry e goji berry; que pode ser servido até com álcool)... Fico perdida quando vou lá, querendo comprar todos! Ah, todas essas lojas também vendem acessórios, como bules, xícaras e infusores, um mais prático e lindo que o outro. Se você é fã de chá, sugiro que procure  e descubra a sua loja favorita - e aí visitar a loja (ou o site) para descobrir novos sabores vai virar um novo passatempo. x)